No dia 1º de maio de 2025, o Brasil se despediu de uma das maiores intérpretes de sua história: Nana Caymmi, que morreu aos 84 anos, deixando um legado de emoção, profundidade e excelência musical. Internada há nove meses na Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro, a artista enfrentava uma série de complicações de saúde, incluindo arritmia cardíaca e disfunção múltipla de órgãos.
Filha do célebre compositor Dorival Caymmi e da cantora Stella Maris, Nana fez parte de uma das famílias mais importantes da música brasileira, que inclui seus irmãos Danilo Caymmi Es Dori Caymmi, além de sua sobrinha, a cantora Alice Caymmi, que representa a terceira geração do clã.
A trajetória de Nana Caymmi: dos festivais à eternidade
Nascida como Dinahir Tostes Caymmi em abril de 1941, Nana cresceu imersa na arte. Sua estreia profissional aconteceu em 1960 com a canção “Acalanto”, composta especialmente para ela por seu pai. Ao longo das décadas, firmou-se como uma das intérpretes mais respeitadas da MPB, destacando-se pela entrega emocional em clássicos como “Resposta ao Tempo”, uma das músicas mais emblemáticas de sua carreira.
Ao vencer o Festival Internacional da Canção de 1966 com “Saveiros”, composição de seu irmão Dori, Nana passou a ser reconhecida não apenas como herdeira de uma linhagem artística, mas como uma artista de voz própria. Na década de 1970, consolidou sua carreira com álbuns marcantes e interpretações que atravessam gerações.
Mesmo nos últimos anos de vida, Nana seguiu ativa. Em 2019 e 2021, foi indicada ao Grammy Latino, provando que sua relevância jamais foi ofuscada pelo tempo.
Filhos de Nana Caymmi e desafios pessoais
Na vida pessoal, Nana enfrentou momentos de dor e superação. Casou-se jovem com um médico venezuelano, com quem teve três filhos: Stella Teresa, Denise Maria e João Gilberto Caymmi Aponte. Este último enfrentou sérios problemas de saúde ao longo da vida, incluindo um acidente de moto que resultou em sequelas permanentes. Nana cuidou dele com devoção por décadas, revelando uma força que transcendia os palcos.
Nana Caymmi e Gilberto Gil: um amor em tempos difíceis
Entre 1967 e 1968, Nana viveu um breve romance com Gilberto Gil, interrompido quando o cantor foi exilado pelo regime militar. Esse episódio é lembrado como uma confluência entre duas grandes potências criativas, marcadas por contextos políticos e históricos complexos.
Entendendo as polêmicas: Nana Caymmi e Bolsonaro
Nos últimos anos, Nana foi mencionada em discussões políticas por manifestar, de forma pontual, simpatia ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Após sua morte, setores bolsonaristas passaram a reivindicar sua imagem, o que gerou incômodo em sua família. Seu irmão Danilo Caymmi declarou publicamente que a opinião política de Nana era superficial e que ela teria sido manipulada em seus posicionamentos, rejeitando qualquer apropriação indevida de seu legado artístico.
A dinastia Caymmi: Dorival, Dori, Danilo e Alice
O nome Caymmi é sinônimo de música no Brasil. O patriarca Dorival Caymmi foi autor de clássicos como “Maracangalha” e “O Que É Que a Baiana Tem?”, e teve sua carreira homenageada pela Mangueira em 1986.
Seus filhos seguiram trilhas musicais com brilho próprio. Dori Caymmi, além de compositor e violonista, foi um parceiro musical importante de Nana. Já Danilo Caymmi destacou-se como flautista e cantor, mantendo viva a sonoridade da família.
Na nova geração, Alice Caymmi, filha de Danilo, assume um lugar de destaque na cena contemporânea com um estilo ousado, que mistura MPB com pop e eletrônica, provando que o sangue Caymmi continua pulsando forte na arte brasileira.
O impacto de “Resposta ao Tempo”
Uma das interpretações mais icônicas de Nana Caymmi foi “Resposta ao Tempo”, composição de Cristovão Bastos e Aldir Blanc. Com voz madura e interpretativa, Nana transformou a canção em uma espécie de oração melancólica sobre a passagem da vida. Hoje, mais do que nunca, essa música ecoa como síntese de sua existência: intensa, sensível, atemporal.
Nana vive na memória da música
A pergunta que muitos buscaram nos últimos dias — “Morreu Nana Caymmi?”, “Idade de Nana Caymmi?”, “Nana Caymmi morreu hoje?” — revela não apenas uma curiosidade pública, mas um sentimento coletivo de perda.
Nana Caymmi morreu, mas sua voz não se cala. Vive nos discos, nas lembranças e nos palcos que ela iluminou com sua presença imponente. Morre Nana Caymmi, morre um símbolo, mas nasce o mito. O Brasil perde uma grande cantora, mas ganha para sempre um nome eterno em sua história musical.
